Prótese do Quadril

Saiba mais sobre "A Cirurgia do Século"

10 fatos que você precisa conhecer sobre a Prótese do Quadril moderna:

  • Atualmente, as próteses duram muitos anos na grande maioria dos casos.

  • As próteses modernas podem ser usadas também em pacientes jovens e ativos.

  • Os riscos são bem controlados atualmente.

  • A recuperação é rápida e praticamente independente.

  • Você pode praticar esportes selecionados e ter uma vida bem ativa.

  • Existem vários modelos e materiais disponíveis. A escolha depende de vários fatores.

  • A perda da qualidade de vida indica a necessidade de se fazer a cirurgia.

  • A cirurgia cura a dor da artrose, permitindo uma vida mais confortável.

  • A cirurgia robótica já é uma realidade para nossos pacientes. Saiba mais clicando neste link. O futuro já chegou!

  • Você pode dar o primeiro passo hoje mesmo para recuperar sua qualidade de vida. Basta agendar uma avaliação (veja o infográfico).

Para conhecer mais sobre a prótese do quadril, continue a leitura logo abaixo. Depois, não deixe de acessar nosso Manual de Pós Operatório para saber ainda mais detalhes.

Etapas para se fazer uma prótese de quadril
Etapas para se fazer uma prótese de quadril

Quando fazer a prótese do quadril?

Costumo deixar meus pacientes à vontade para escolher o melhor momento para realizar a cirurgia. Em um cenário eletivo (não emergencial) não há pressa. É importante que você esclareça suas dúvidas e esteja tranquilo em relação ao tratamento.

São alguns sinais de que já está na hora de resolver seu problema do quadril: dor que prejudica o sono ou a atividade sexual, deixar de fazer algo que gosta devido às limitações, dificuldade de andar normalmente ou de se calçar, necessidade progressiva de remédios para a dor. Em resumo, a perda da qualidade de vida.

O que é a Prótese do Quadril?

Prótese – ou artroplastia – do quadril é o nome dado a substituição do quadril natural por um quadril protético. A indicação mais comum para este procedimento é o desgaste da cartilagem do quadril. Ela também pode ser indicada em alguns tipos de fratura do colo do fêmur ou em outras doenças do quadril, como a osteonecrose. Esta cirurgia é indicada para restaurar o movimento e aliviar a dor, melhorando a qualidade de vida.

A prótese do quadril é uma das cirurgias mais bem sucedidas da Medicina moderna e tem evoluído muito nos últimos anos, com avanços tanto dos materiais quanto das técnicas cirúrgicas. O sucesso desta técnica fez com que fosse considerada a “Cirurgia do Século” pelo The Lancet, uma das mais importantes publicações científicas mundiais. Hoje a prótese do quadril é uma cirurgia moderna, segura e duradoura.

Quais são os riscos?

Embora seja uma cirurgia segura na grande maioria dos casos, é importante ressaltar que trata-se de um procedimento cirúrgico, com riscos envolvidos, como em qualquer outra cirurgia. Mas, atualmente, o risco de complicações é considerado muito baixo em condições ideais. Previamente ao tratamento cirúrgico tomamos alguns cuidados no intuito de minimizar os riscos. Indicamos exames de check-up e avaliação cardiológica.

Como é a recuperação da prótese do quadril? Quantos dias ficarei no hospital?

Atualmente, a recuperação é acelerada e, sempre que possível, o período de hospitalização é de apenas uma noite. Nosso protocolo de reabilitação com a equipe de fisioterapia já começa no mesmo dia da cirurgia. As próteses atuais permitem carga imediata na maioria dos casos e o paciente pode andar imediatamente com o auxílio de muletas ou andador. O pós operatório é relativamente independente e, em cerca de duas a três semanas, já se pode dirigir.

Como é feita a cirurgia de prótese do quadril?

A anestesia utilizada por nossa equipe é a raquianestesia sob sedação. O paciente não sente dor alguma, adormece, e geralmente nem se lembra do procedimento.

O tamanho e a localização da incisão variam de acordo com a técnica utilizada por seu cirurgião e com suas características corporais. De maneira simplista, o quadril pode ser acessado pela frente, pelo lado ou por trás. Cada via tem seus prós e contras e, até o momento, a Ciência ainda não demonstrou superioridade de uma ou outra opção.

Após a anestesia, a cabeça femoral é removida junto com a cartilagem desgastada. Procede-se ao preparo da bacia, criando-se então uma cavidade hemisférica. O implante acetabular é fixado ao osso por press-fit e/ou parafusos. Ele também pode ser "cimentado", dependendo do tipo de prótese usada. O cimento ósseo é um polímero acrílico de secagem rápida muito usado em cirurgias ortopédicas e na odontologia.

O canal do fêmur é preparado para receber a haste femoral. Esta também pode ser fixada ao osso por press-fit ou por cimento ortopédico, dependendo do modelo que for melhor indicado para seu caso.

Estas são as etapas básicas da cirurgia:

Como é a prótese do quadril?

Uma prótese total de quadril é feita de três partes: um componente femoral (haste), um componente acetabular (cúpula + liner) e uma cabeça esférica. Existem vários tipos diferentes de próteses em relação a tamanho, modelo, conceito, meios de fixação ao osso, superfícies de contato etc. A figura representa uma prótese total de quadril com seus componentes básicos. As próteses são consideradas compósitos, ou seja, são combinações de diferentes tipos de material, cada um com uma finalidade específica.

Partes de uma prótese do quadril
Partes de uma prótese do quadril

Qual o melhor tipo de prótese do quadril?

Não existe uma resposta única para esta pergunta. O melhor tipo de implante deve ser individualizado, caso-a-caso. Leia mais sobre este assunto a seguir:

Sobre as superfícies de contato:

É o local aonde ocorrerá o movimento da prótese, como se fosse um "rolamento".

Os tipos disponíveis de superfícies são os seguintes:

Metal em polietileno: popularizou-se no fim dos anos 60 com a contribuição das pesquisas de Sir John Charnley, na Inglaterra. Sua principal desvantagem era o desgaste ao longo dos anos e a reação do organismo aos micro-fragmentos de plástico que resultavam deste desgaste. Esta reação biológica, associada a fenômenos mecânicos, causava a soltura da prótese e a necessidade de revisão. Devido a estas características, antigamente se dizia que "jovens não deveriam colocar próteses” ou que a prótese "duraria apenas 10 anos, no máximo”. Se você já ouviu estas frases em algum lugar, precisa saber que o mundo já mudou.

Há cerca de 20 anos existe um tipo especial de polietileno, chamado de crosslinked. Muito mais resistente e durável do que o polietileno tradicional, segundo evidências científicas já claramente estabelecidas. Esta evolução da qualidade permitiu a indicação deste tipo de superfície em pacientes jovens e ativos. Hoje é a superfície mais utilizada no mundo, em combinação com uma cabeça de cerâmica. O polietileno crosslinked também possibilitou o uso de cabeças protéticas maiores, que trouxeram maior mobilidade e maior segurança ao quadril protético, diminuindo o risco de luxações (desencaixe) da prótese.

Cerâmica em polietileno crosslinked: é minha opção preferida. A cabeça cerâmica tem uma série de benefícios em comparação as cabeças metálicas, como a melhor afinidade com líquido, maior dureza (o que permite melhor polimento), menor risco de reações metálicas, entre outros, que acabam trazendo maior durabilidade da prótese. Nos últimos anos, estudos demonstraram que a combinação da cerâmica delta com o polietileno cross-linked tem maior durabilidade in vivo do que a cerâmica em cerâmica, tornando-se o par mais utilizado no mundo, com uma durabilidade de mais de 90% em 20 anos! (fonte: Registro Australiano, 2023)

Cerâmica em cerâmica: costuma ainda ser a opção de alguns colegas para pacientes muito jovens. Seu uso popularizou-se na Europa, aonde foi desenvolvida nos anos 70, como uma alternativa ao polietileno tradicional. No início, o uso da cerâmica em próteses de quadril apresentou alguns problemas (como fraturas, por exemplo). Os materiais atualmente disponíveis tiveram estes problemas corrigidos e a fratura é extremamente rara. Outro problema exclusivo desta combinação são os rangidos ao movimentar-se, chamados de “squeaking hips”, que, embora inocentes na maioria dos casos, podem precipitar uma revisão. Estatisticamente, sua sobrevida chega a cerca de 90% em 10 anos. É curioso notar que mais de 90% das cerâmicas utilizadas em todo o mundo se originam da mesma fábrica na Alemanha.

Metal em metal: a vantagem deste par seria permitir ao paciente retomar sua atividade física plenamente, devido à durabilidade e grande tamanho dos componentes, mimetizando um quadril nativo em termos de tamanho e mobilidade. Hoje seu uso em próteses já está praticamente abandonado nos EUA e o resurfacing, ou prótese de recapeamento, representa menos de 1% das próteses feitas no mundo. Muitos problemas ocorreram, além de uma taxa de revisão acima da média. Foram relatados alguns casos de aberração cromossômica, pseudotumores e alergia a metal em portadores destas próteses. Estudos iniciais com um tipo de ressurfacing de cerâmica com polietileno crosslinked estão em andamento no exterior e talvez este implante ressurja em algum momento, com maior segurança para o paciente.

Outros pares: existiram outras opções, como cerâmica-metal e oxinium-polietileno (metal coberto por uma fina camada de cerâmica). Estas não demonstraram superioridade em relação aos pares tradicionais.

"Considero as superfícies de contato como a parte mais importante da prótese do quadril, pois o desgaste destas superfícies costumava ser a principal causa de revisão no passado. Atualmente, minha superfície preferida é a cerâmica em polietileno crosslinked, devido ao perfil de segurança e durabilidade agora comprovados pela literatura mundial. Entretanto, a escolha da superfície deve ser individualizada." - opinião pessoal - Dr. Thiago S. Busato.

Sobre os meios de fixação ao osso

As próteses do quadril são chamadas de não-cimentadas, híbridas, ou cimentadas de acordo com o método de fixação:

Não-cimentada: os componentes são feitos de ligas de titânio, podendo apresentar uma cobertura osteo-integrável de hidroxiapatita. De modo geral, são indicados em pacientes com ossos mais fortes e saudáveis, nos quais buscamos uma fixação chamada de "biológica", por depender do crescimento ósseo na prótese. É um dos métodos mais difundidos atualmente. Veja a figura:

Fixação híbrida: têm a parte superior presa ao osso por “press-fit” (encaixe sob pressão) e a parte inferior cimentada - veja na figura abaixo. É muito popular em alguns países da Europa. Geralmente é mais indicada em casos de fratura do colo do fêmur ou em pacientes do sexo feminino acima de 65 anos de idade. Veja a figura:

Prótese não cimentada do quadril
Prótese não cimentada do quadril
Prótese do Quadril Híbrida
Prótese do Quadril Híbrida

Cimentada: a prótese é aplicada e estabilizada por meio de cimento ósseo. É mais indicada na presença de osteoporose, de canal femoral muito largo ou em ossos previamente irradiados. Seu uso é pouco frequente atualmente.

"Temos que analisar os meios de fixação separadamente: Primeiramente, no componente acetabular, as opções mais modernas de superfícies de contato exigem a fixação destas sobre uma cúpula metálica, então o componente não-cimentado se impõe.

Já no componente femoral, temos excelentes opções de implantes cimentados e não-cimentados, sendo que os resultados de longo prazo são praticamente idênticos em ambas as opções. Em pacientes jovens, ou com ossos fortes, ambas as opções são ótimas, embora prevaleça a opção não-cimentada. Já em pacientes de mais idade, especialmente do sexo feminino, e com osteoporose, a fixação cimentada oferece mais segurança na maioria dos casos". - opinião pessoal - Dr. Thiago S. Busato.

Modelos e designs das próteses do quadril

A prótese total de quadril "clássica" é o padrão na maioria dos serviços de artroplastia do mundo. Seus resultados confiáveis e reprodutíveis se tornaram um marco muito difícil de ser batido por novos designs. Entretanto, existem alguns tipos diferentes de implantes que foram desenvolvidos nas últimas décadas. Podemos dividí-los em algumas categorias:

Prótese metafisária: é mais curta. Poupa cerca de uma polegada do canal do fêmur, em comparação ao desenho tradicional, porém tem pouco tempo de seguimento e, embora os estudos iniciais sejam promissores, ainda necessitam de estudos de longo prazo para sabermos se, afinal, são melhores ou piores do que os implantes tradicionais.

Prótese de resurfacing (recapeamento): difere das anteriores por poupar o colo femoral e parte da cabeça, na qual a prótese se apóia. Hoje tem uma indicação muito restrita e seu uso vem decaindo devido a efeitos adversos e taxa de revisão maior do que a prótese clássica, tendo sido abandonada na absoluta maioria dos grandes centros.

"Costumo dizer que um bom resultado na artroplastia total do quadril é dependente de três fatores: um material de ótima qualidade, um tratamento conduzido com excelência e um paciente engajado na recuperação. Quando estes três pilares estão bem estruturados o sucesso de longo prazo certamente virá.” - opinião pessoal - Dr. Thiago S. Busato.

As próteses do quadril sofrem desgaste?

Toda superfície exposta a carga e atrito se desgasta, como um rolamento, por exemplo. O que muda é a taxa de desgaste ao longo do tempo, de acordo com o tipo de superfície usada, pois algumas se desgastam menos do que outras.

Uma artroplastia do quadril é feita para durar o maior tempo possível, mas muitos fatores podem influenciar a durabilidade. Quanto mais peso a prótese carregar e quanto mais impacto sofrer, mais rápido se desgastará. Por este motivo normalmente indicamos que a pessoa tome cuidado com seu peso e faça exercícios de baixo impacto, como caminhadas, bicicleta, natação e hidroginástica, entre outros.

À medida que o desgaste se acentua ao longo dos anos pode ser necessária uma cirurgia de revisão para a troca da prótese ou de parte dela em algum momento. Por isto, nunca deixe de comparecer aos seus retornos pós-operatórios para fazer as radiografias de controle. Sempre relate ao seu cirurgião qualquer sintomas relacionado ao quadril. A cirurgia de revisão é mais complexa e envolve mais riscos do que uma artroplastia primária, principalmente em relação à infecção. Nas revisões geralmente são utilizadas próteses especiais, maiores e mais longas do que as usadas na primeira cirurgia.